CEDEAO condena golpe de Estado e suspende Guiné-Bissau após sessão extraordinária de Chefes de Estado

Reunido sob a presidência de Julius Maada Bio, o Conselho de Mediação e Segurança exige restauração imediata da ordem constitucional e libertação dos detidos políticos.
O Conselho de Mediação e Segurança (CMS) da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizou, na quinta-feira, 27 de novembro de 2025, uma sessão extraordinária virtual ao mais alto nível para analisar a grave crise política em curso na Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado ocorrido em 26 de novembro.

A reunião decorreu sob a presidência de Julius Maada Bio, Presidente da República da Serra Leoa e atual Presidente da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, contando com a participação de vários Chefes de Estado e de Governo da região, entre eles José Maria Pereira Neves, John Mahama, Bola Ahmed Tinubu e Bassirou Diomaye Faye, além de representantes ministeriais de outros países-membros.

Participaram igualmente a Comissão da CEDEAO, liderada por Omar Alieu Touray, a União Africana, representada por Mahmoud Ali Youssouf, bem como as Nações Unidas, através do representante especial e chefe da UNOWAS.

No comunicado final, o CMS manifestou “profunda apreensão” com a evolução da situação política na Guiné-Bissau, salientando que a crise ocorre num momento em que o povo bissau-guineense demonstrou compromisso com a democracia ao participar de forma massiva e pacífica nas eleições presidenciais e legislativas de 23 de novembro de 2025.

A CEDEAO condenou de forma veemente o golpe de Estado e exigiu a restauração imediata e incondicional da ordem constitucional, rejeitando quaisquer soluções que legitimem a interrupção ilegal do processo democrático. O Conselho apelou ainda aos autores do golpe para respeitarem a vontade popular e permitirem à Comissão Eleitoral Nacional a divulgação dos resultados eleitorais.

O CMS exigiu também a libertação imediata e incondicional de todos os detidos, incluindo o Presidente Umaro Sissoco Embaló, funcionários eleitorais e outras figuras políticas, responsabilizando diretamente os líderes do golpe pela integridade física e segurança dos cidadãos e dos presos.

Como medida política de forte impacto, a CEDEAO decidiu suspender a Guiné-Bissau de todas as instâncias decisórias da organização até ao pleno restabelecimento da ordem constitucional. Foi igualmente anunciada a criação de uma Missão de Mediação de Alto Nível, liderada pelo Presidente da Conferência, com a participação dos Chefes de Estado do Togo, Cabo Verde e Senegal.

O Conselho apelou às Forças Armadas da Guiné-Bissau para regressarem aos quartéis e cumprirem o seu papel constitucional, determinando ainda que a Missão de Apoio à Estabilização da CEDEAO no país continue a proteger as instituições nacionais.

Por fim, o CMS afirmou que continuará a acompanhar de perto a situação e não exclui a aplicação de sanções políticas e diplomáticas contra todos os responsáveis pela perturbação do processo eleitoral e democrático na Guiné-Bissau.

Redação: Betegb

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