A Queima de Judas em Vila Nova de Cerveira: um beijo que acende a revolta

Um ritual entre amor e purga social transforma as ruas em palco de emoção e crítica, com Judas a arder no fogo simbólico da comunidade

Vila Nova de Cerveira voltou a ser palco de um dos mais intensos e teatrais rituais populares da Semana Santa: a Queima de Judas. Mas este ano, o estopim foi um beijo — inesperado, provocador e profundamente simbólico.
Num espetáculo que mistura teatro, tradição e crítica social, o boneco de Judas, símbolo das traições e das frustrações acumuladas da comunidade, voltou a ser condenado às chamas. Contudo, antes da sentença final, um momento singular mexeu com todos: um beijo entre duas personagens centrais desencadeou a reação que culminaria na sua destruição.

A narrativa deste ano, encenada pelas ruas do centro histórico, trouxe temas atuais como a hipocrisia, os preconceitos e as dores coletivas. No meio das palavras cortantes e da sátira social, foi o toque de um beijo — inesperado e cheio de significados — que riscou o fósforo simbólico. A multidão reagiu com surpresa e emoção, reconhecendo no gesto a centelha que põe a nu os medos e moralismos da sociedade.

A Queima de Judas em Cerveira não é apenas um ritual de fogo. É uma catarse coletiva onde o povo se liberta das suas mágoas e levanta a voz contra aquilo que o atormenta. Em cada edição, Judas carrega culpas reais e imaginárias, e o seu fim é o renascimento da esperança. Este ano, foi o amor — ou a ideia dele — que pôs tudo a arder

Redação: Betegb Fonte: Público

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