Líderes dos principais partidos da oposição da Guiné-Bissau, incluindo ex-primeiros-ministros e deputados, organizam-se na capital francesa para debater um candidato comum, um programa de governação e formas de estabilização política no país.
Paris tornou-se o epicentro de uma movimentação política de grande relevância para o futuro da Guiné-Bissau. Nesta quarta-feira, 23 de abril de 2025, os principais líderes da oposição guineense reúnem-se na capital francesa para delinear uma estratégia unificada com o objetivo de enfrentar o atual regime liderado por Umaro Sissoco Embaló. Entre os presentes estão figuras de peso como os ex-primeiros-ministros Aristides Gomes e Domingos Simões Pereira, os deputados Flávio Baticã Ferreira e Agnelo Regalla, e líderes de vários partidos: Fernando Dias (PRS), Nuno Gomes (APU-PDGB), Baciro Djá (FREPASNA) e Jorge Fernandes (MDG). O encontro, promovido por Gomes e Ferreira, visa criar um terreno neutro e fértil para o diálogo entre os partidos e possíveis alianças futuras.
“Paris oferece-nos maior projeção internacional e melhor acesso à esfera política francófona africana”, explicou Aristides Gomes à RFI. A escolha da cidade também visa restabelecer confiança entre líderes políticos que, segundo Flávio Baticã, “precisavam de um espaço neutro para discutir de frente e tentar sarar fissuras antigas”.
Durante a reunião, será debatida a criação de um programa político comum, a possibilidade de apresentação de um candidato único para uma eventual segunda volta das eleições presidenciais e a formação de uma comissão de acompanhamento dos acordos firmados. “Queremos ir além da simples união eleitoral. É preciso pensar na reconstrução institucional do país”, reforçou Gomes.
Outro tema sensível será a data das próximas eleições, marcada unilateralmente para 24 de novembro por Umaro Sissoco Embaló, o que a oposição considera ilegítimo. “Participar no escrutínio nessas condições poderá legitimar um processo viciado, controlado por instituições que não estão a funcionar devidamente”, alertou Baticã.
Há ainda espaço para reaproximações inéditas. As conversas com Braima Camará, figura influente do MADEM-G15 e até recentemente afastado por Embaló, foram destacadas como sinal de abertura: “O que passou, passou. É hora de colocar os interesses da Guiné-Bissau acima das rivalidades”, disse Baticã.
Representantes da oposição já foram recebidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. “A reunião que deveria durar 30 minutos estendeu-se por mais de duas horas. Percebemos, no entanto, que as informações que têm sobre a Guiné-Bissau não refletem a realidade”, revelou Baticã, criticando a postura pró-regime do atual embaixador francês em Bissau.
Aristides Gomes encerrou com uma nota de firmeza: “Não viemos a Paris mendigar apoio. Viemos apelar à coerência dos valores que a Europa diz defender: democracia, liberdade e justiça. A Guiné-Bissau merece estabilidade e instituições legítimas. E o povo, quando tem oportunidade, escolhe esse caminho.”
A reunião poderá representar um ponto de viragem histórico, reconfigurando a paisagem política guineense nos próximos meses. Resta saber se o esforço coletivo conseguirá ultrapassar as divisões internas e os desafios do terreno político em Bissau.
Redação: Betegb Fonte: RFI
Paris tornou-se o epicentro de uma movimentação política de grande relevância para o futuro da Guiné-Bissau. Nesta quarta-feira, 23 de abril de 2025, os principais líderes da oposição guineense reúnem-se na capital francesa para delinear uma estratégia unificada com o objetivo de enfrentar o atual regime liderado por Umaro Sissoco Embaló. Entre os presentes estão figuras de peso como os ex-primeiros-ministros Aristides Gomes e Domingos Simões Pereira, os deputados Flávio Baticã Ferreira e Agnelo Regalla, e líderes de vários partidos: Fernando Dias (PRS), Nuno Gomes (APU-PDGB), Baciro Djá (FREPASNA) e Jorge Fernandes (MDG). O encontro, promovido por Gomes e Ferreira, visa criar um terreno neutro e fértil para o diálogo entre os partidos e possíveis alianças futuras.
“Paris oferece-nos maior projeção internacional e melhor acesso à esfera política francófona africana”, explicou Aristides Gomes à RFI. A escolha da cidade também visa restabelecer confiança entre líderes políticos que, segundo Flávio Baticã, “precisavam de um espaço neutro para discutir de frente e tentar sarar fissuras antigas”.
Durante a reunião, será debatida a criação de um programa político comum, a possibilidade de apresentação de um candidato único para uma eventual segunda volta das eleições presidenciais e a formação de uma comissão de acompanhamento dos acordos firmados. “Queremos ir além da simples união eleitoral. É preciso pensar na reconstrução institucional do país”, reforçou Gomes.
Outro tema sensível será a data das próximas eleições, marcada unilateralmente para 24 de novembro por Umaro Sissoco Embaló, o que a oposição considera ilegítimo. “Participar no escrutínio nessas condições poderá legitimar um processo viciado, controlado por instituições que não estão a funcionar devidamente”, alertou Baticã.
Há ainda espaço para reaproximações inéditas. As conversas com Braima Camará, figura influente do MADEM-G15 e até recentemente afastado por Embaló, foram destacadas como sinal de abertura: “O que passou, passou. É hora de colocar os interesses da Guiné-Bissau acima das rivalidades”, disse Baticã.
Representantes da oposição já foram recebidos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. “A reunião que deveria durar 30 minutos estendeu-se por mais de duas horas. Percebemos, no entanto, que as informações que têm sobre a Guiné-Bissau não refletem a realidade”, revelou Baticã, criticando a postura pró-regime do atual embaixador francês em Bissau.
Aristides Gomes encerrou com uma nota de firmeza: “Não viemos a Paris mendigar apoio. Viemos apelar à coerência dos valores que a Europa diz defender: democracia, liberdade e justiça. A Guiné-Bissau merece estabilidade e instituições legítimas. E o povo, quando tem oportunidade, escolhe esse caminho.”
A reunião poderá representar um ponto de viragem histórico, reconfigurando a paisagem política guineense nos próximos meses. Resta saber se o esforço coletivo conseguirá ultrapassar as divisões internas e os desafios do terreno político em Bissau.
Redação: Betegb Fonte: RFI
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